sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pique-esconde




Como criança, escondes detrás das próprias mãos
Como se o mundo desaparecesse, só porque não o vês.
Como criança, escondes a própria tristeza no coração
Como se a alegria fugisse de ti se te visse assim.

Como criança, escondes os medos por trás de gargalhadas
Como se teus ruídos espantassem fantasmas.
Como criança, escondes como nunca brincadeira
Como se falar sério materializasse todas as tuas angústias.

Como criança, escondes os olhos de onde caem lágrimas
Como se reter os pingos fosse segurar a represa de teus sentimentos
Como criança, escondes tu mesma de quem te ama
Como se mostrar-se assim fosse o pecado derradeiro.

Como criança, escondes de ti mesma a capacidade que tens
Como se não soubesse do poder que possuis

Como se não encontrasse a saída do esconderijo
Como se não tivesses tu mesma construído.

Como criança, conheces a liberdade, sabes que o caminho é a felicidade
Como criança, brinca a vida, revela-te ao mundo, mostra seu sorriso
Como criança, imagina a fantasia mais bela, o sonho mais cor-de-rosa
Como se tu pudesses iniciar tua vida toda outra vez.


PS: Não é sempre que escrevo poesia. Faz anos que não me arrisco. É a primeira vez que publico. Por uma pessoa muito especial, arrisco o Drummond e o Quintana revirarem em seus túmulos. :)

2 comentários:

Unknown disse...

Essa cena é linda... As mãozinhas pequeninas tentando tampar os olhos para esconder de alguém que está tentando achar a criança em uma brincadeira...
Lindo!!! Achamos graça porque sabemos que o que a criança está fazendo não a esconde de nada, só a engana por não estar vendo quem a procura...
O curiso é que continuamos a usar essa defesa e, como a criança, não damos conta que só estamos tampando os olhos com nossas próprias mãos.
Escondemos nossos sentimentos achando que eles não mais vão nos encontrar... Mas nossos sentimentos gostam de brincar com a gente e eles continuam a nos perseguir até nos encontrar, mesmo que isso não nos divirta...
Assim, quem sabe se não brincarmos com ele de desaparecer e aparecer sem realmente querer esconder de ver certos sentimentos não conseguimos viver de uma forma mais saudável....

Melissa S. disse...

"O que resiste, persiste".
Como aprendemos no Dharma, não devemos brigar conosco mesmo por se enveredar, vez ou outra, numa espiral de emoções que nos fazem mal, mas sermos felizes por saber o caminho de volta para o nosso próprio centro.