sábado, 24 de outubro de 2009

Reclamo, logo existo - parte 2


"Mude seus pensamentos, e você mudará seu mundo."
Norman Vincent Peale

"Reclamar é se concentrar no que não queremos, é falar sobre o que está errado. E tudo aquilo em que concentramos nossa atenção, se expande... Há duas coisas sobre as quais a maioria das pessoas concorda:
1- Há reclamação demais neste mundo.
2- O mundo não é do jeito que gostaríamos que fosse."
Will Bowen

"O homem inventou a linguagem para satisfazer a sua necessidade profunda de reclamar."
Lily Tomlin

Você conhece alguém que clama aos quatro ventos que é uma pessoa negativa, pessimista, destrutiva e negativa? Ninguém se considera essas coisas. Mas é muito simples para nós identificar e tachar alguém que nos apresente essas características. E depois, ir reclamar com uma terceira pessoa sobre isso!
Sim, temos mais facilidade em entrar na espiral da reclamação perto de algumas pessoas e menos de outras. Às vezes, a gente pode perceber que algumas de nossas pessoas mais queridas são as com que a gente mais se aprofunda nas reclamações, e pode ser que essa relação se baseie no fato de que vocês incentivam um ao outro a reclamar da vida.
Talvez você perceba, ao tomar consciência do conteúdo de suas conversas com as pessoas, que o ponto em comum entre essas conversas seja reclamar, não importa sobre o que, mas fazemos isso diversas vezes por dia. Podemos claramente identificar quando uma pessoa está reclamando (e até perceber que possa ser exagerado), mas raramente percebemos quando nós estamos sendo os chatos.
Pode ser também que você se pegue no meio de uma conversa com alguém, e veja que seu humor mudou para pior, mesmo que você esteja tendo um ótimo dia, apenas porque essa interação se baseou em reclamações.
É claro que existem situações na vida em que reclamar é legítimo, se verificarmos que reclamar significar a expressão de um pesar, uma dor ou um descontentamento, podemos perceber que isso acontece muito raramente. A vida da maior parte das pessoas não é uma tragédia constante, e só porque as coisa não estão indo do 'jeito que a gente quer' não é motivo, é chatice.
Se alguém faz algo que te magoa, atrapalha, irrita, pense bem, ela não fez isso com você, ela fez isso porque ela está se sentindo magoada, atrapalhada, irritada com alguma coisa da vida dela! E se você tem consciência disso na hora em que ela está interagindo com você, você tem o poder de não somente evitar que isso provoque um impacto em você, como também quebrar esse ciclo. Ao não entrar 'na conversa dela', ela pode ter duas reações: melhorar o humor dela, ou cair fora e parar de te encher o saco. Se você não der atenção (ao conteúdo, mas ouvindo com atenção a pessoa) e continuar respondendo sem a influência das reclamações dela, ou ela vai mudar o assunto, ou ela vai perceber que você não é a pessoa que ela procurava para reforçar suas crenças e pensamentos negativos.
Veja que uma pequena atitude como essa a gente já provoca uma transformação imediata na vida de, pelo menos, duas pessoas. Imagine se esse tipo de atitude for repetida por você várias vezes durante o dia. E se for por vários dias, quantas pessoas não serão inspiradas a fazer a mesma coisa com sua família, amigos, colegas de trabalho. E isso se estende para mais e mais círculos sociais. Isso realmente pode mudar o mundo.
Ou, no mínimo, o seu mundo. Ele fica mais colorido quando você percebe que não entrega o poder da sua vida às reclamações, mas a uma interação tranquila e realista com as pessoas a tua volta. Tranquila, porque suas conversas não serão mais baseada na 'competição' de quem reclama mais e você simplesmente pode relaxar e apreciar a companhia da outra pessoa. Realista, pois essas conversas serão baseadas no que acontece de verdade em nossa vida, e não numa historinha que a gente conta pra gente mesmo na nossa cabeça e repete para o outro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Reclamo, logo existo - parte 1


"Cada um de nós cria seu próprio destino, mas apenas os bem sucedidos admitem isso."
Earl Nightgale

"O universo é a mudança; a vida é o que o pensamento faz dessa mudança."
Marco Aurélio

"Reclamar é falar de coisas que você não quer, em vez de falar daquilo que você quer. ... Nossos pensamentos criam nossa vida, e nossas palavras revelam o que pensamos."
Will Bowen

Outro dia estava conversando com a mamãe sobre uma constatação: se pararmos de reclamar, não temos papo com a maior parte das pessoas em nossas vidas. Sei que essa é uma afirmação meio forte e categórica, mas convido você a parar para pensar no que consiste boa parte dos diálogos que travamos com as pessoas durante um dia: acordamos, e mesmo que não haja absolutamente ninguém do nosso lado, nós já xingamos o despertador, ou o fato de ser segunda-feira, ou se tá frio ou tá calor, ou porque não dormiu direito.
Mesmo se você for uma dessas criatura abençoadas que acordam cantando feito passarinho, é inevitável soltar algo do tipo: 'poxa, tá chovendo', ou ' o padeiro não acertou na receita hoje', ou ainda 'tomara que o trânsito não esteja daquele jeito hoje'.
Ok, você é daqueles megaotimistas que brinca do jogo do contente feito Poliana moça. Você também reclama. É só concordar com alguém em uma conversa do tipo: 'Não é um absurdo aquela robalheira no Planalto Central', ou 'A fila do banco tá grande hoje, né?'.
Se durante um dia, somos capazes de admitir que reclamamos, pelo menos um pouquinho, imagine uma vida inteira! Passando um dia me observando e me 'pegando no ato', percebi que até num dia perfeito consegui encontrar defeitos, ou pelo menos falar de alguém pelas costas (mesmo que seja um por menor sem uma fofoca envolvida).
Nossa inteiração com o mundo é feita por meio da expressão do que se passa em nossos pensamentos. E se em nossos pensamentos a maior parte do tempo estamos reclamando de algo, vamos passar boa parte do nosso tempo consciente reclamando também com os outro. A questão é que a maior parte das pessoas irá concordar conosco nessa reclamação, e ainda terá a acrescentar algum caso que aconteceu com ela ainda pior, e em pouco tempo vocês estarão num campeonato mundial da pior desgraça em minha vida.
Exemplo típico é o pessoal reunido no cafezinho do meio da tarde no escritório. Você é capaz de lembrar a última vez que o papo girou em outra coisa a não ser reclamar: do chefe, do salário, da quantidade de trabalho, do dia que passa devagar ou depressa demais, da reunião que foi ou que tem que ir, do pedido maluco de algum gerente doido, de alguém que foi mal educado ou grosso ou indiferente, e a lista continua...
Você consegue ter uma conversa quando chega em casa depois do dia inteiro fora que não seja baseado em chateações que aconteceram durante o dia? Sobre o que você conversa com sua esposa/o, filho/a/s, mãe e pai, colega de apê, irmã/o, ou até com o cachorro?!? Pare para observar o que sai da sua boca quando algum deles pergunta: 'Como foi seu dia?'
Meu convite hoje é para nós pararmos para nos observar: o quanto da minha interação com os demais é baseado em reclamações? Assim que você terminar de ler esse texto, preste atenção em tudo que sair da sua boca por 24 horas e veja como você é em relação a reclamações. Desde as mais singelas sobre o tempo, as mais óbvias sobre o trânsito, até as mais sutis como as ironias que soltamos quando falamos de alguém que não está presente.
Não se jugue, afinal de contas, somos seres humanos, somos máquinas programadas para reclamar :)