segunda-feira, 20 de abril de 2009

A ilusao da verdade

"Num certo sentido tudo é como o sonho, é ilusório, mas mesmo assim você continua fazendo as coisas, com disposição de espírito. Por exemplo, se está caminhando, caminhe alegremente pelo espaço aberto da verdade, sem desnecessária solenidade ou constrangimento. Quando se sentar, seja a cidadela da verdade. Enquanto come, alimente suas negatividades e ilusões na barriga da vacuidade, dissolvendo-as no espaço que permeia tudo. E quando vai ao banheiro, pense que todos os seus obscurecimentos e bloqueios estão sendo limpos e eliminados".

Dudjom Rinpoche


"Pode-se considerar a prática da meditação como um modo de fazer amizade consigo mesmo, o que salienta o fato de que ela é uma experiência de não-agressão. Na verdade, a meditação é tradicionalmente chamada de prática de ficar em paz. A prática da meditação é, portanto, um modo de experimentar o nosso ser essencial que está além dos padrões habituais."

Chögyam Trungpa


"Meus pensamentos se voltaram para algo que eu li uma vez, alguma crenca Zen Budista. Eles dizem que o carvalho eh trazido a criacao por duas forcas ao mesmo tempo. Obviamente, ha a castanha de onde tudo comeca, a semente que guarda a promessa e o potencial, na qual cresce como uma arvore. Todo mundo pode ver isso. Mas apenas poucos conseguem reconhecer que ha outra forca operando aqui tambem - a futura arvore, que quer tanto existir que empura a castanha para ser, desenhando a germinacao para fora alcancando o vazio, guiando a evolucao a partir do nada para a maturidade. A respeito disso, os Zens dizem que eh a arvore do carvalho que cria a castanha da onde ela mesma nasceu."

Elizabeth Gilbert

(traducao livre)


Ha perguntas existenciais que teimam em ficar nos rodeando volta e meia. As vezes a gente eh capaz de espanta-las e viver nossa vidinha mundana. As vezes estamos tao ocupados e com a cabeca tao cheia de outras coisa que elas mesma resolvem voltar da onde vieram. Mas tem vezes que elas ficam, e ficam, e falam na nossa cabeca, e nos perturbam durante o sono, e nos perseguem durante dias...

Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou?

Filosofos passam a vida tentando responder a essas perguntas. Passamos anos no consultorio do analista tentando encontrar as nossas respostas. Em mesas de bar, no papo ebrio com os amigos, choramos as magoas de nao ter a menor ideia de como obter as respostas certas. Queremos que nossa mente cale essa vozinha incessante de uma vez por todas, de qualquer maneira, mas cada tentativa eh mais frustrada que a outra.

A questao eh que isso jamais vai nos deixar. Essa vozinha questionadora vai nos acompanhar durante toda a nossa vida, talvez ate perguntando examente a mesma pergunta sempre. Outra questao eh que a resposta certa nao existe, nunca ficamos satisfeitos quando encontramos alguma, que pode nos acalmar por um tempo, mas que com o passar do tempo, a maturidade traz-nos as perguntas bem na nossa frente de novo, e a resposta antiga nao encaixa mais.

Entao ha solucao para esse quebra-cabeca? Uma forma eh aceitar que so ha a pergunta, mas nao ha a resposta. Porem nossa mente cartesianamente treinada, que assume que a Lei de Newton da acao e reacao, eh dificil aceitar que essas regras nao necessariamente se aplicam a essa situacao.

Outra forma eh aceitar que nos eh quem criamos a resposta, qualquer uma, que temos o poder de escolher absolutamente qualquer possibilidade como resposta, inclusive alterando-a quando quiser. Contudo esse tipo de liberdade eh muito pouco conhecida em nossa cultura do consumo, na qual as unicas escolhas que sabemos fazer estao nas prateleiras de lojas.

Existem inclusive outras milhares de formas de se lidar com essas questoes. Ao assumir que em nossa vida somos nos quem adicionamos os conteudos e os significados, temos ao menos o poder de responder a essa vozinha constante que nos pertuba a todo momento: "Obrigada por compartilhar. Mas agora nao, ok?".









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