quinta-feira, 12 de março de 2009

Bye Bye Brasil


"Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é que faz conteúdo. Escrevo portanto não por causa da nordestina mas por motivo grave de "força maior", como se diz nos requerimentos oficiais, por "força da lei".Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não aguente bem ouvir um assovio no escuro, e passos."

Clarice Lispector

Eis que é a “Hora da Estrela”. Busco meu brilho interior escrevendo, como Clarice. Relendo esse seu texto sombrio e lamurioso, lembro-me de como queria ser como ela. Não exatamente pelo tom desse seu escrito, mas pela personagem que é.
Antes de tudo mulher, no completo sentido da palavra. Ela arriscou ser mulher em toda sua plenitude quando ainda não era uma exigência, a foi por opção. Linda e inteligente, já teve que lidar com o fato de ser alien desde pequena: uma ucraniana no Brasil. E depois confirmou essa sua sina de ser do mundo. Casada com um diplomata brasileiro, mais se mudou que morou nos diversos países por onde acompanhou seu marido. Também com filhos, não por todas essas circunstâncias deixou de ter uma profissão: escritora. Fez faculdade de Direito, foi Jornalista, e um dia se deu conta que escrever era parte do ar que respirava.
Mesmo tímida, usando pseudônimos, não censurava o que escrevia: era dona de casa, era despudorada, era intelectual, era insegura, era obscura, era alegre, era ela. Sofria, e ao mesmo tempo contemplava sua vida. Sempre questionou a vida, e nunca questionou o fato da vida ser um sem fim de perguntas sem respostas.
É esse o caminho que escolho. Quero ser a melhor eu mesma que Clarice poderia ser. Com olhos nesse espírito de mulher, caminho rumo a ser humana, escrevo a estrada e cada encruzilhada da minha vida. Com essa estrela como guia, é a hora de brilhar em outras constelações.

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